Faz parte…

Na última etapa do campeonato paulista em Barra Bonita, algo estranho aconteceu. Algo que me intrigou a semana inteira.

Depois de muitos anos eu não consegui me manter focado em uma prova de IPSC. Foram erros em cima de erros. Quanto mais eu me esforçava, mais eu errava. Problema de cabeça, cansaço, falta de treino, preocupação, stress, falta de incentivo/ânimo/concentração, falha técnica, pressão, tensão? O que passou ? Mesmo depois de muita reflexão eu não descobri ao certo o que aconteceu. Pode ter sido uma junção de problemas ou motivos, que pretendo não ter novamente.

No tiro, creio que a metade dos praticantes participam apenas por hobby, existem outros que competem contra si (é aquela história de superação dia à dia, prova à prova) e tem pessoas que só a vitória interessa. Eu me encaixo bem nesta última opção, sempre busco a vitória, mas não é só isso que conta. Atirar bem, se superar e sair satisfeito é o que eu busco, a vitória é uma consequência. As vezes o título de campeão vem, mas não traz junto aquele sentimento de dever cumprido e isso acaba sendo um pouco frustrante mesmo vencendo.

Meu maior sonho é vencer um campeonato mundial, onde aproximadamente 400 atletas disputam na divisão mais cobiçada, a Open. Sei o meu limite e até que ponto posso chegar, sei que hoje não tenho chances de ser um campeão mundial, talvez se eu tivesse a metade dos patrocínios do atual campeão, eu diria que teria chances de brigar. Mas infelizmente no Brasil o incentivo para o Tiro Prático é praticamente zero. Quando um apoio vem, são de empresas de amigos que acreditam e torcem por mim. Já fui o 9º do mundo e atualmente sou o 12º, mas à nível Sul-americano há anos só a vitória me interessa. Quando eu perco é devido a algum problema que tive, isso eu afirmo com toda modéstia.

Foi o que aconteceu neste tenebroso final de semana, pra mim é claro. Os meus sucessivos erros me custaram uma invencibilidade na categoria Standard desde 1997 em todas as provas que disputei neste período. Foram 20 provas sem perder ao longo de 11 anos. A frequência é baixa por se tratar de uma categoria secundária pra mim.

Dados estatísticos:
– Desde 1996, quando disputei o meu primeiro campeonato de IPSC, até hoje eu participei de 86 etapas do campeonato Paulista (Open em 10 anos e Standard em 4 anos contando o atual), sendo que deste total eu não venci em apenas 11. Nos 2 primeiros anos de IPSC (96 e 97) eu não venci em 7 provas, em 2003 fiquei um pouco afastado do tiro e perdi em 2 etapas, em 2008 em 1 etapa e em 2009 mais uma nesta última etapa de Barra Bonita.
– Na Open eu tive um aproveitamento de 95% de vitórias e na Standard, por se tratar de uma categoria que iniciei, tive 68%.

Muitos me perguntam se meu pai me pressiona ou se já me pressionou para vencer sempre. Eu sempre respondo que não, pois de fato meu pai NUNCA me pressionou. Hoje se me fizerem algum tipo de pergunta relacionada a “pressão” eu responderei que existe sim alguém que me coloca pressão, e este alguém sou eu. Só não sei até que ponto isso pode me ajudar.

Vou encarar este deslize como um aprendizado, pois o ser humano está susceptível a erros ou simplesmente acordar um dia com o pé esquerdo.

Faz parte…